Eu fiz minha primeira experiência como "Supertramp" , e amei! Foi a melhor experiência da minha vida, algo que vai ficar marcado em mim, e na minha mente por anos e anos. Eu não me arrependo de nada, talvez no máximo de ter ficado mais em alguma cidade ou outra. Mas, não me arrependo nem do jeito que me senti na Alemanha; pode ser que no futuro me arrependa, não sei o que está por vir. Mas, agora; diante de tudo que gosto, e do que penso; me orgulho.
O que aconteceu na Alemanha foi; que eu estava determinada a viajar como mochileiro; no máximo aceitaria o dinheiro da minha mãe pois não tinha outra opção já que era uma viagem rápida. E quando cheguei na Alemanha, recebi todo um tratamento de princesa, tentei não recusar nada, com muita educação. Mas, o meu pensamento e o "eu" que eu tinha me tornado era muito mais forte do que eu; eu não queria ser mal agradecida, como uma amiga falou que eu parecia do jeito que falava depois. Só que conversível, banheira de hidromassagem e tudo o mais que acontecia a minha volta enquanto eu estava lá, era demais para mim, naquele momento pelo menos. Agora estou mais calma, e relevo e entendo muitas coisas, ou tento pelo menos.
Para quem estava louca por liberdade do jeito que eu estava, ficar numa casa sendo tratada daquele jeito, era muito contrariedade. Não tinha como não se zangar, ou não querer ficar louca. Depois quando fui para Edimburgo uma das cidades que mais queria conhecer, melhorou muito.
A sensação mesmo começou quando sai de Edimburgo em um ônibus direto para Newcastle Upon Tyne, saindo da Escócia e entrando na Inglaterra por apenas um ônibus. Eu sentia em minha veias a liberdade se aflorando, fluía excitante pelo meu sangue a liberdade, que eu tanto senti sede, que eu tanto aclamava! E é disso que eu falo, isso é algo que eu nunca vou esquecer, algo que eu me arrepio só de pensar, porque é bom demais. Logo que cheguei em Newcastle, não tive problemas com as pessoas ao meu redor, uma cidade pequena muito charmosa; fiquei em uma república de estudantes dentro da Universidade de Newcastle, onde tive contato pelo site couchsurfing.org; todo foram muito legais e acolhedores comigo. Infelizmente no dia que íamos para uma festa ocorreu algo inoportuno. Mas, mesmo assim desde do minuto que cheguei, até o que fui embora; foram queridos comigo. E a imagem que já imaginava de Ingleses, ou Europeus em gerais; sobre eles serem frios, imaginava que era mentira, e mentira foi. Principalmente essa galera que me hospedou.
Saindo Newcastle, foi outra aventura, pois fui para Manchester sem nem ter lugar para dormir, tinha talvez um lugar não confirmado, e fui mesmo assim. Cheguei em Manchester meio perdida, era meia noite e a cidade estava um caos, não tinha nenhum mapa e precisava de um para me localizar; fui perguntando para as pessoas à minha volta de algum Hostel, alguns sabiam e outros não. E todos diziam para eu ter cuidado, "Manchester's big city my dear, take care becaause is dangerous"; eu ria, achava engraçado como eles acharavam Manchester grande e perigosa; pois São Paulo, ou mesmo o Brasil é muito mais que isso.
Sempre educados, tentavam me ajudar, segui a direção de vários, mas todos os lugares que ia estavam lotados e sem vagas. Até que um segurança de um Hotel 5 estrelas de primeira, me indicou um "Hostel", que quando cheguei lá era um Hotel mesmo, mais barato que de costume e com mais cara de Hostel, mas era mesmo um Hotel. E mesmo assim estava sem vagas, conversei com os rapazes que trabalhavam na recepção, um deles não parecia gostar de mim, enchendo o saco deles, pedindo por algum lugar para dormir. Já o outro, começou a me ajudar, e de imediato disse que ia tentar achar algum lugar ligando para os Hostels e Hotéis da cidade, porém o coitado não teve nenhum sucesso, tudo completamente cheio. E foi então que conversaram, e resolveram me ajudar os dois; me levaram até a sala de TV, e me deixariam dormir lá pois tinha um sofá, e eu poderia usar meu saco de dormir que sempre levava comigo para me aquecer; e as 10 horas da manhã, teria que sair correndo pela recepção, pois o gerente não deveria saber que eu estive lá. E foi esse o acordo, e foi isto feito; dia seguinte arrumei as minhas coisas pela manhã e sai nos calcanhares pela porta de incêndio que tinha na mesma sala que estava. Graças a Deus achei aquele Hotel,e bondosos homens, pois a excitante era o meu destino sem cama, e preocupante era o meu desespero; achei fraco me vi mais dando risadas e me perguntando "What the fuck", do que parar e chorar no meio da minha procura por algum lugar. Dia seguinte fui direto para a rodoviária, achei melhor deixar Manchester para outro dia, outra hora; não tive uma boa sorte com a cidade que tem o nome no time que tanto torço no futebol.
Foi então que comprei minha passagem para Liverpool, e meu sangue fervilhou de Liberdade novamente, liberdade simples e barata; paguei caro no ônibus porque comprei em cima da hora, mas mesmo assim quem dera pagar 6 quids de uma cidade vizinha para outra!
Liverpool me esperava, eu delirava sozinha olhando aquela estrada em meio aqueles matos verdes, com aquele céu azul incrível. Não tinha lugar certo para ficar também em Liverpool, e ri com isso; mas Liverpool tinha porto e eu sabia disso, tinha meu saco de dormir, e só podia é pedir a Deus para não chover e eu encontrar um banco em direção ao contrário do vento.